sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Minhas pesquisas concluiram o seguinte baseado no livro "Divinas Damas de Marciano Lopes". Meu bisavô Justo Gonçalves da Justa era filho do Cap Henrique Gonçalves da Justa e de Dona Eugrácia de Paula Tavares Coutinho da Justa. O pai de Justo, Cap Henrique, descendia de linhagem portuguesa, sendo filho do Coronel Henrique Gonçalves da Justa e de Maria Antonia da Silva Justa.
Meu bisavô também tinha vários irmãos e uma irmã. Eram eles: Lourença Tavares Coutinho da Justa (a mais velha de todos e única mulher) casada com seu primo legítimo Luiz da Justa de Seixas Corrêa, Alfredo Henrique da Justa casado com Laura Theophilo (comerciante), um dos filhos de Alfredo Henrique foi o Dr Antonio Justa, grande médico cearense, também o Coronel Henrique Gonçalves da Justa casado com Aurelieta Padilha (proprietário rural em Pacatuba, foi delegado e prefeito dessa cidade), também Antonio Henrique da Justa (farmaceutico e inventor de um protótipo avião antes de Santos Dumont), Otávio Gonçalves da Justa casado com Maria Luiza da Silva (Engenheiro Agrônomo e Farmaceutico).
Portanto, a patir de meu tataravô Henrique Gonçalves da Justa, surge meu bisavô Justo Gonçalves da Justa, depois meu avô Tupy Gonçalves da Justa, meu pai Wartzen Maquiné da Justa e eu Marcelo Augusto Oliveira da Justa. A partir de mim, vem meu filho Luis Henrique Araujo da Justa e minha filha Mariel Araujo da Justa. Interessante que mesmo sem saber a genealogia da família, eu já havia coloca o nome Henrique no meu filho, o mesmo do meu tataravô.

Outros da família Justa que deixaram sua marca na história

Gastão Gonçalves da Justa nasceu no dia 1 de junho de 1899, na cidade de Fortaleza, CE. Funcionário público estadual, foi jornalista, cronista, poeta, membro da Academia Cearense de Letras e da Comissão Cearense de Folclore. Publicou, na área de Folclore, Improvisadores (1949), Toadas populares (1949) e Notas sobre o Folclore (1960). Faleceu no dia 10 de dezembro de 1969, em Fortaleza, CE.
Antônio da Justa era médico renomado e caridoso, formado na Europa, não cobrava nenhuma de suas consultas, cuidava especialmente dos leprosos, ao falecer deixou todos os seus bens para o leprosário Antonio Justa em Maracanaú - cidade da área metropolitana de fortaleza, próxima a Pacatuba, por isso levou nome de avenida, uma das mais importantes de fortaleza.
Antônio Henrique da Justa nasceu em Pacatuba, Ceará, em 1874. Em 1894, tornou-se escriturário da Secretaria da Fazenda do Ceará. Durante cinco longos anos, reuniu recursos para custear a publicação de um folheto denominado "Navegação aérea", em que apresenta o projeto de um helicóptero. Na primeira parte do trabalho, Justa expõe as duas tendências em que se dividiam os pesquisadores aeronáuticos: de um lado, os adeptos dos aparelhos mais leves do que o ar, os balões e dirigíveis, e, de outro, aqueles para quem o futuro da aeronáutica encontrava-se no desenvolvimento dos aparelhos mais pesados do que o ar.
A idéia do helicóptero remonta ao século XV e foi formulada por Leonardo da Vinci. Posteriormente, diversos inventores tentaram desenvolvê-la, sem sucesso. Em 1845, Cossus projetou um aparelho movido a vapor que, no entanto, não conseguiu elevar-se do solo em função do peso excessivo do propulsor. Em 1878, Castel projetou e construiu outro aparelho que, durante a primeira experiência, chocou-se com um muro, sem conseguir voar ou manter-se no ar. No mesmo ano, Forlani projetou um aparelho que elevou-se a 13 metros de altura, sem, no entanto, lograr voar.
Na opinião de Justa, o helicóptero vinha sendo abandonado pelos pesquisadores aeronáuticos, não obstante constituir-se numa máquina de concepção superior a todas as outras : "Como conceber uma máquina aérea à perfeição? Devendo partir simplesmente de seu pouso sem necessidade de carreira horizontal iniciante sobre o solo, desprezando estações inconvenientes e elevando-se no ar calmamente em moderado movimento ascensional, como se fosse um balão, depois orientando-se e tomando a direção destinada, finalmente podendo voltar e pousar com a mesma facilidade com que partiu.
O helicóptero de Justa seria um aparelho composto de um conjunto tubular leve, de aço e alumínio, formando uma estrutura retangular. O aparelho seria movido por um grupo propulsor de dois motores à explosão, alimentados por álcool ou derivados de petróleo. Os motores acionariam, as quatro turbinas por ar comprimido que, por sua vez, transmitiram força para quatro hélices dispostas nas extremidades da aeronave, juntamente com as turbinas. O ar comprimido chegaria às turbinas através da própria tubulação que comporia a estrutura do aparelho que, por sua vez, seria isolada termicamente com tecido de lã para evitar que o ar quente em seu interior se resfriasse em contato com a atmosfera.
Os comandos estariam concentrados numa cabine, solidária com a estrutura e disposta no centro da aeronave. Seriam acionados por eletricidade ou pelo próprio ar comprimido que movimentaria as turbinas. Um pequeno dínamo movido pelos motores a explosão garantiria luz interna e energia para o farol externo, que seria empregado em operações noturnas. O Aeroscapho seria capaz de pousar e decolar na vertical e voar na horizontal. Suas hélices seriam dotados de passo variável, de forma a oferecer propulsão horizontal a aeronave. O grupo propulsor totaliza 366 cavalos, suficientes, segundo os cálculos de Justa, para elevar os 432 quilos do aparelho vazio, além do piloto e combustível. A força ascensional total seria da ordem de 840 quilos.
A concepção do “Aeroscapho” apresentava uma série de idéias originais, todas elas empregadas, posteriormente, na construção de helicópteros e aviões, tais como: a concepção de um sistema motor composto e motores e turbinas, a idéia da aplicação de álcool à navegação aérea, um combustível nacional, a hélice de passo variável, a concepção de uma cabine fechada, a aplicação de materiais metálicos, a idéia de vôo noturno. O projeto revelava bases técnicas consistentes. Era mais do que a vontade subjetiva de um inventor.
Henrique da Justa ressalvava que os cálculos apresentados apenas visavam demonstrar a viabilidade da idéia e que a construção efetiva do aparelho dependia de estudos complementares, que , por sua vez, dependiam de recursos de que ele não dispunha. A publicação do folheto era parte de um esforço para obtê-los: “Intento propugnar por uma causa de progresso que, atualmente, preocupa a atenção da ciência, da civilização, dos governos e países modernos. Tenho convicção de que não trato de uma quimera”. Afastando de si a sombra de extravagância que se projetava sobre os inventores brasileiros do século XIX, Justa pedia a atenção do governo, ao mesmo tempo em que vaticinava: “A indiferença da França sobre as descobertas do vapor fez perder uma esplêndida página na história humana”.
O inventor encaminhou seu pedido ao Ministério da Guerra. Mas os militares não se sensibilizaram com o projeto. Sem recursos, construiu apenas um modelo em escala do aparelho. Em 1909, tomado por uma crise depressiva, Antônio Henrique da Justa suicidou-se aos 35 anos de idade.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Objetivo do blog

O objetivo desse blog é abrir um canal de comunicação entre os membros da família JUSTA. Desta forma, contribuindo para o estudo da origem e da formação da família "JUSTA", no Brasil e no mundo. A ideia é identificar nosso antepassados, bem como as sucessivas ramificações que ligam as várias pessoas que possuem em seu nome familiar o "JUSTA" ou o "DA JUSTA". Através do blog, poderemos nos conhecer e acabar concluindo que esse nome de família singular é único, no qual todos nós temos alguma relação de parentesco.

Motivação para criar o blog


Foto de JUSTO GONÇALVES DA JUSTA

Por muitos anos, fiquei sem saber a origem do meu nome de família "JUSTA". A realidade é que nem mesmo meu pai WARTZEN MAQUINÉ DA JUSTA e, também outros poucos parentes aqui de Manaus, sabem relatar de onde vem este nome tão diferente. Diferente porque não possui grandes ramificações como os da família “SILVA”, “COSTA”, BATISTA”, entre outras. O que sabíamos, até então, era a genealogia que começava em meu bisavô JUSTO GONÇALVES DA JUSTA (o da foto), nordestino, casado com JOANA GENTIL DA JUSTA, depois, meu avô TUPY GONÇALVES DA JUSTA, acreano, filho do JUSTO, e meu pai WARTZEN, manauara, filho do TUPY e eu, também de Manaus. Os outros aqui de Manaus são: Terezinha Maquiné da Justa, Thelma da Justa Bohadana, James Maquiné da Justa, entre outros. O fato é que esse desconhecimento, deve-se ao falecimento do meu bisavô e avô, sem que meu pai e tios pudessem experimentar um convívio duradouro com eles. Portanto, conheço o avô TUPY apenas pelas poucas fotos que minha avó guardava. Já o meu bisavô JUSTO, era totalmente desconhecido, porém, apenas recentemente, graças a uma amiga do Acre, consegui uma imagem dele. Fato este, que irei relatar neste blog, sendo o resultado dos meus estudos, até o momento. O fato de não conhecer o meu bisavô têm questões ainda obscuras, porém o meu avô TUPY se deve a sua morte prematura, ainda com 35 anos de idade, em 5 de dezembro de 1946. Portanto, se ainda estivesse vivo, hoje ele estaria com aproximadamente 98 anos. Já o meu pai WARTZEN, ainda vivo graças a Deus, também não teve muito tempo com ele, pois apenas tinha 4 anos quando o avô TUPY faleceu de uma pneumonia. Pelo que pude descobrir, meu bisavô, que era do nordeste, nunca veio para Manaus. Já meu avô TUPY, que nascera no Acre, veio para Manaus e logo conheceu minha avó DELZUITA MAQUINÉ DA JUSTA, também já falecida recentemente. Ocorre, no entanto, que esse pouco tempo de convivência familiar acabou deixando muitas perguntas sem respostas, tais como: quem foi de fato meu bisavô JUSTO e avô TUPY?; quais suas origens?; quais suas ramificações genealógicas antepassadas? e outras mais. Conclui-se, portanto, que a minha curiosidade foi a motivação que me levou a estudar as origens do meu nome de família "JUSTA", pois esse total desconhecimento sobre as minhas origens também acabava me constrangendo perante meus filhos que algumas vezes perguntavam sobre esse assunto. A minha expectativa em relação a esse blog, é registrar e compartilhar com outros da família JUSTA todo o conhecimento adquirido até o momento. A ideia é proporcionar um meio para que outros da família possam interagir e, quem sabe, possamos me ajudar a montar a árvore genealógica com as ligações que unem essa família que está presente em vários locais do Brasil, e quem sabe do mundo.

O nome "JUSTA"

As informações aqui registradas sobre a origem da família “JUSTA” foram encontradas algumas na internet e outras em conversa informal com outros parentes localizados no Ceará, Brasília, Rio de Janeiro, Acre, São Paulo, entre outras regiões. Até o momento, meus estudos indicam que a família iniciou as ramificações no Brasil a partir da cidade de Pacatuba, no Ceará. Saindo do nordeste, a família se ramificou bastante por todas as partes do Brasil, inclusive aqui na região Norte, na cidade de Manaus, no estado Amazonas. A história da família “JUSTA” aqui no Brasil também apresenta personagens que deixaram marcas importantes no contexto brasileiro, assim como também outros que simplesmente passaram despercebidos. Os primeiros estudos indicam que o nome “JUSTA” veio de Portugal, fazendo a entrada no Brasil pelo Nordeste, no Ceará. Entretanto, há pessoas que dizem que o nome “GIUSTA” também é da família, pois possui origem nas famílias italianas, o qual possui o mesmo significado de “JUSTA”. Interessante que há relatos de pessoas como sobrenome “GIUSTA” que nasceram no Brasil e tiveram seu sobrenome alterado nos registro de nascimento para “JUSTA”, pois na Itália não se lê ou fala a letra “J”. Outro fato interessante é que “JUSTA” foi uma luta medieval que se lutava com longas lanças e escudos, no qual os opositores cavalgavam com suas armaduras em direção oposta e montados em cavalos,. Portanto, vencia quem derrubava seu oponente. O fato é que ainda não há comprovação de que a família com ramificações de origem portuguesa também seja parente da família origem italiana.

Quem foi JUSTO GONÇALVES DA JUSTA

Oficiais da Revolução Acreana

As informações que tenho até momento sobre meu bisavô fazem parte de minhas próprias pesquisas pela internet e também da enorme colaboração da amiga Maria Alzenir. Essas informações estão inclusas na sua dissertação de mestrado em Letras, Linguagem e Identidade pela Universidade Federal do Acre, linha de pesquisa Literatura e memória cultural, sob o título: Marcas da memória cultural nas crônicas jornalísticas de Xapuri. Trata-se, portanto, de um estudo sobre os jornais de Xapuri, no qual Maria Alzenir faz uma análise sobre os escritos de Justo Gonçalves da Justa e outros. Justo Gonçalves da Justa foi militar oficial franco atirador da Revolução Acreana. Assim como meu bisavô JUSTO, meu avô TUPY também foi militar, porém com menor destaque que JUSTO. JUSTO cupou o cargo de tabelião interino do 2° Termo da Comarca do Alto Acre, sediada em Xapuri. Ele também foi o primeiro redator do jornal “O Acre”, publicado em Xapuri de ano de 1907 a 1913. Esse periódico, que se apresentava como “Orgão dos interesses acreanos”, foi o primeiro a circular no Vale do Acre depois da Revolução, era impresso na gráfica da Loja Maçônica Igualdade Acreana, fundada em Xapuri em 1906, e que esteve atrelada à Maçonaria do Amazonas até o ano de 1933. Acredito que Justo Gonçalves da Justa seja um dos muitos “Gonçalves da Justa” que descendem de Pacatuba, Ceará. Portanto, o motivo da vinda de Justo Gonçalves da Justa do Nordeste para Xapuri, no Acre, talvez tenha sido a serviço militar pelo Governo Federal. Entretanto, ainda não tenho respostas para essa questão. Vale lembrar que existem muitos da família JUSTA que moram hoje no Acre, contudo, pergunta-se: são eles também descendentes de meu bisavô JUSTO?; ou talvez sejam filhos de outro Gonçalves da Justa que veio do nordeste?; ou ainda descendentes de algum irmão do meu avô TUPY que era do Acre?. Bom, questões ainda sem respostas.

Xapuri e a Revolução Acreana

Xapuri foi criada em 23 de outubro de 1912. O município é considerado o berço da Revolução Acreana e também o primeiro foco de resistência pacífica em defesa da floresta e do meio ambiente, cujo líder Chico Mendes, ganhou reconhecimento mundial e é seu maior símbolo. Durante o auge da produção de castanha viveu o seu esplendor. Foi sede das melhores casas de comércio, que abasteciam os seringais da região com toda sorte de mercadorias. Foi também sede dos melhores colégios do Estado, que posteriormente gerou "homens ilustres" em âmbito mundial. Sua sede conta com monumentos históricos, que remontam à época da Revolução Acreana, movimento de resistência pela incorporação do território acreano à nação brasileira, que teve seu início neste município. Segundo meu pai WARTZEN, o meu avô TUPY, após baixa do exército, fazia esse comércio de mercadorias entre o Amazonas e o Acre. A população urbana de Xapuri era formada também de aventureiros, homens de negócios, seringalistas e regatões, todos atraídos pela excentricidade da selva ou pelas riquezas que poderiam adquirir explorando-a. Mesmo que para isso milhares de vidas fossem dizimadas pelas doenças ou pelas feras. Sendo que as principais vítimas eram os nordestinos-seringueiros, morando nas brenhas em casebres de pau a pique, alheios às novidades que aconteciam às margens dos rios. Neste contexto, destaca-se a figura do herói da Revolução Acreana, amigo de meu avô Justo Gonçalves da Justa, Plácido de Castro, que segundo a visão oferecida pela maioria dos jornais da época, não é o caudilho, o aventureiro, tampouco o dissidente do exército gaúcho, conforme disseram alguns. De modo geral, ele representa a imagem do: ... grande compatriota acreano ... tragicamente emboscado por uma quadrilha de bandidos... o mais distinto acreano, o mais insulto guerreiro... de caráter altivo e nobre... não morreu incontinente, sobreviveu três dias que valeram por séculos de agonias, por acerbas dores morais e físicas que pouco a pouco iam exterminando a sua vida (Filho, Antonio Alves. Plácido de Castro. Commercio do Acre, 15 de agosto de 1915).

A relação do meu bisavô Justo, o jornal do Acre e a Revolução.

O jornal O Acreano (1907), fundado pelo coronel Antônio Antunes Alencar, um dos participantes da Revolução Acreana, funcionou como instrumento polarizador dos propósitos do coronel e do grupo representado por ele: o grupo dos mandantes que enriqueceram com a exploração dos seringais, e que tendo outros objetivos, além do extrativista, propiciavam a fundação de veículos capazes de disseminar e causar efeitos positivos em benefícios próprios. O relato do jornal Acreano de 24 de março de 1912 demonstra um pouco do cenário vivido naquela época, no qual consta a seguinte notícia sob a manchete: “Polícia que mata". O texto informa que Justo Gonçalves da Justa, já então tenente-coronel, foi ferido na manhã do dia 19 do referido mês pelos soldados comandados por Aquiles Peret, um engenheiro oriundo do Rio Grande do Sul que prestava serviço no Acre e atuava como delegado de Xapuri na época. Na ocasião, o coronel Vitorino Maia, ex-combatente da Revolução Acreana e dono dos maiores e melhores seringais do Vale do Acre, teve sua vida ceifada. Contudo, nada comenta se o bisavô JUSTO veio a falecer neste ocorrido. Na realidade, meu pai WARTEN comenta que o JUSTO morreu de uma queda de cavalo, porém, nada comprovado até o momento. Vale ressaltar que nem mesmo sei a data de nascimento e falecimento do bisavô JUSTO, muito menos onde está enterrado no Acre. Essa questão ainda permanece sem resposta.

Conflitos de JUSTO no jornal do Acre.

Segundo informações de minha amiga Maria Alzenir, o Capitão Justo Gonçalves da Justa se desligou dos chamados “alencaristas” (partidários do Coronel Antônio Antunes de Alencar) e se integrou ao grupo dos militares da Guarda Nacional e dos maçons, representados na imprensa pelos tenentes-coronéis Antônio Bruno Barbosa e Francisco Conde de Oliveira, passando a partir de então a colaborar com jornal Correio do Acre que circulou em Xapuri de 1910 a 1912. Fato que lhe gerou críticas por meio do jornal Folha do Acre, sediado em Rio Branco. Esse raros periódicos podem ser encontrados na Fundação Biblioteca Nacional. As críticas de seus correligionários foram rebatidas através do Correio do Acre. Em 1911, alguém que assina somente como “Órion” publica uma carta em que defende Justo Gonçalves dos ataques feitos por anônimos por meio da Folha do Acre. Este periódico é citado no Correio do Acre como “folha dos precipitados” (05 de abril de 1911) e tinha em seu quadro de redatores os partidários do Coronel Antunes Alencar (proprietário do jornal Acreano), como Nelson Noronha e o médico Esperidião Queirós.
Eis a carta:
ORION . Em Pról. Correio do Acre. Xapuri- AC, 1911.
Escrevem-nos:
Quem são os senhores da «Folha»? Quem são os anônimos de Xapuri para enxovalharem, para atassalharem o nome de Justo Gonçalves da Justa, desse caráter rijo e impoluto, desse sincero amigo intransigente em suas idéias e reto no cumprimento de seus deveres? Quem fala de Justo?
Algum faminto de infâmias, algum seco de rabugices; desafetos gratuitos que lhe têm atirado toda sorte de calúnias que o cérebo de alma tacanha e baixa possa gerar; bêbedos contumazes desta terra, que não são poucos, e grande número é encontrado na sua mesclada sociedade, onde os baios se entrometem a baterem palmas ao seu Alencar.
É esta corte de cevandijas que lhe atribui defeitos que a infeta; são, porém, cínicos que procuram confundir-se com os homens de bem.
Quanta vez, em comum, ele e os senhores amigos de outrora, viam correr o vinho das festas onde juntos bebiam, libando as taças pela saúde, pela felicidade uns dos outros? Quanta vez, cheios de alegria, com as cabeças incendidas pelo vapor dos licores, em brindes pomposos de elogios, seu nome, ao lado dos “judas” de hoje, foi elevado, foi enaltecido? Quanta vez, nesses banquetes, da melhor boa fé entregava-se a capiciosa e infame vontade desses vis amigos, julgando ser levado por dignos e honrados homens?
Tantas! Enganou-se, porém, e enganou-se em tempo; reconheceu o caminho errado que trilhava, porque o judas mesmo o disseram, os judas mesmo o apontaram num requinte perverso e cínico; e isto porque o criterioso moço, o sr. Justa, nunca deixou-se arrastar na prática de um ato indigno e vergonhoso, nem pela infâmia que reveste o peito desses traidores, dessas impudicas criaturas.
E são tais Alencaristas - Espiridiões e Nelsons, Eusébios e outros iguais que não exige o caso menção, que se atravem a falar de Justo!
Vós todos que sois incensadores do pacífico, do conhecimento deus dos peregrinos, que não sois senão uns tranfugas embalarem-se na doce esperança de um Estado futuro, homens cobertos de defeitos, quase todos de passado tão sujo quanto ainda vai sendo o seu presente, podeis falar, podeis manchar a reputação de um Justa, cujo único pecado, é não comungar com vossas infâmias?
Não, e as vossas imputações caluniosas, produzirão para ele o efeito de um cão que ladra preso à enferrujada corrente de um mesquinho dono. Fazendo votos que o remorso seja o respasto de tais consciências, fico em guarda.

Os escritos de JUSTO no jornal do Acre.

Atribui-se a Justo Gonçalves da Justa o pseudônimo “Justulo” que assinou o soneto “Do Além Túmulo”, (transcrito abaixo) de 11 de agosto de 1910, data que marca o aniversário de dois anos do assassinato do Coronel Plácido de Castro.
“Do além túmulo”
O’ tu pérfida mão que a mim feriste,
Na bruta mata proditoriamente,
A forte vida de meu peito ardente
Em tão nefando crime exauriste!

Jactancioso, entre o povo que aqui existe,
Gozas, com ele, a vida impunemente.
E estreita à sua a tua mão inocente,
Como a mim, tu, a minha já cingiste.

De além túmulo, ouve, te malsino –
Uma voz a clamar sempre: ASSASSINO!
Sou eu que te maldigo e que lastimo

O povo que maldito sevo abriga,
Pois seres como tu segregam limo
Que alimenta a perfídia e gera intriga.

Esse soneto foi publicado no jornal Correio de Acre, de 25 de setembro de 1910, e se refere à morte de um herói assassinado traiçoeiramente, numa alusão ao amigo e companheiro de combate Plácido de Castro, que morreu em uma emboscada preparada por seus ex-partidários, entre os quais, cita-se o Coronel Antônio Antunes Alencar. Interessante observar a forma culta como JUSTO escreve. Conclui-se, portanto, que o mesmo teve acesso a uma formação diferenciada e que talvez tivesse sido desenvolvida fora do Brasil. Fato este muito comum naquela época.

Escritos de JUSTO – Texto 1.

JUSTO continuou escrevendo suas crônicas em tom lírico assinadas por Justulo, “Malvivulo” e “O!, pior sem ele!”, ambas publicadas no Correio do Acre, tratando do mesmo assunto: um líder execrado covardemente de seu meio, traído por pessoas com as quais ele havia partilhado um ideal. Veja os textos abaixo:
Texto 1 - JUSTULO. Malvivulo. Correio do Acre. Xapuri-AC, 1910.
Decorriam-se os dias, Alegre e satisfeito, nobilitando no empenho da terra que denodadamente libertara, hipotecando toda sua alma grandiosa cheia de invencível ardor pátrio, ele vivia. Por subitâneo e brusco golpe é atirado a mundos ignotos, longe, bem longe da terra estremecida, da família e daquela que (...) os colhera ainda para partilhar a gloria de seu nome.
Passaram-se tempos. O degredo prolongava-se.
O espírito anuviado da perturbação constantemente tão violenta transição, aclarou-se pouco a pouco, e então ele sentiu–se estranho no meio daquele povo que libertara. Examinou-se, examinou a todos e sentiu-se novamente estranho! Notou que alguém guardava ainda lembrança a seu nome, e no meio de todos, alguns passaram perturbados procurando esconder as mãos!
Contemplou-os!
Chamou-os, chamou-os novamente, parecia não lhe ouvirem, não lhe entenderam. Então, não podendo conceder aquele indiferentismo de seus irmãos, filhos da mesma terra que adotaram a cujo lado tantas vezes lutara impacientado, voltou-se para a própria terra, para a terra mãe e interpelou-a. Ó Pátria adotiva, por que te calas tu assim? Porque consente neste misterioso enredo que me cerca? Por que não me restituis ao seio de meus irmãos, de minha família, não me fazes voltar a tua vanguarda? Quero trabalhar em teu proveito!
A terra, como que impulsionada por tão acerba evocação (...) rugindo numa imprecação — Pérfido! Prodictores! — E então para ele:
— Criatura abnegada, atira a mim o delito que te interceptou viver no seio de teus irmãos, destes que tu (...) sem ver o teu sangue que ainda goteja, deixando transparecer escarlates as mãos nocentes? Não sentes que foste banido do seio da terra que libertaste no enleio de horrível trama, o que toda a natureza desta majestosa terra que tu censura, revolta-se clamando vingança?
E calou como que abatida, como que se despojada tivesse de enorme povo.
Ele parece que meditava.
Depois em nos pungentes as palavras refletidamente pronunciadas parecendo submeter– se a um exame próprio: - sim, agora se me vão clareando mais as coisas. Não podia crer, mas, irmãos já não mataram outros irmãos, levados pela traição. Judas, já não existiram tantos?
Oh! É abominável, é horrível a traição.
E voltou-se num adeus eterno, evolando-se aos poucos num misto da luz e sombras para não mais voltar.
Eu la dekuna tagoja de monato de Augusto de mil – naucent – nau.

Escritos de JUSTO – Texto 2.

Texto 2 - JUSTULO. Oh! Pior sem ele! Correio do Acre. Xapuri – AC, 1911.
Uma aldeia aprazível esta em que vivi. Reinava uma harmonia admirável, uma verdadeira união entre seus habitantes, e no meio da alegria que se destacava do seio daquele povo liberto, uma exuberância de vida e de progresso notava-se pululantes. Feliz que era aquela gente; a ambição, ela não conhecia, pois todos se consideravam irmãos e iguais entre si.
Os tempos foram-se; uma mutação horrível, com o desdobrar das épocas, manifestou: — O gérmen da ambição incontida fora lançado em meio daquela aldeia, trazido por aventureiros que lá aportaram embalados na doce esperança da fortuna.
Não difícil foi aos ambiciosos conhecerem o meio que aportaram, e então tomaram como lema unirem-se a alguns para com o prejuízo de outros usufruíram os proventos desejados.
Começaram então as discórdias, pois não encaravam meios para conseguirem os fins, e sucessivamente, tangidos por cabeças tão perversamente calculadas, foram avolumando-se, dando lugar a duelos, promoções, intrigas, assassinatos, fatos vergonhosos que se desenrolaram em despenhadeiro, tornando-se enfim aquela bela e agradável aldeia de outrora o palco de cenas escandalosas, tudo se encaminhando para um desmoronamento moral inconcebível.
Ninguém mais se entendia nem se confiava; não havia mais a quem mandar, pois uma febre avassaladora de governar assolava. Os chefes, como as modas nas cidades adiantadas, sucediam-se numa produção espantosa e confundiam-se numa promiscuidade carnavalesca.
O fraco sucumbia ao forte.
Um deles, apenas, conservava-se, não abatia; era como que o equilíbrio em meio de tão amarga fase; entretanto tombou ao frio sopro da morte, por mão assassina.
Depois confundidos, atrapalhados, numa verdadeira Babel, choravam, brotando lagrimas de remorso que rolavam queimando a face dos ambiciosos, dos traidores, dos assassinos, deixando-lhes os cérebros em fogo, até que eles caiam prostrados. Depois, viam numa espécie de delírio infrene, perpassarem diante dos olhos esfogueia dos com desvairado olhar, horríveis visões, e sucumbia num pesadelo terrível a lamentarem n’uma inconsciência de louco:
— Oh! Pior sem Ele!

Análise crítica de Maria Alzenir.

Na crônica, intitulada “Malvívulo”, assinada sob o pseudônimo Justulo, em 1910, no jornal Correio do Acre, o narrador, antes de traçar o perfil do personagem principal, situa-o em uma comunidade feliz e em um tempo não marcado no calendário, mas passível de identificação histórica por aludir à conquista do Acre e a um possível tempo de regozijo de seu líder, Plácido de Castro, antes que fosse instaurada a desordem e acesas as ambições de alguns de seus correligionários. Estes, traiçoeiramente, tramaram e executaram o plano de assassiná-lo, em 1908, fato que foi levado a termo, segundo as fontes históricas, por um de seus ex-companheiros de batalha, o Coronel Alexandrino José da Silva, que se aliou às forças federais, tornando-se então opositor de Plácido de Castro e dos que defendiam a autonomia imediata do Acre.
Nessa crônica, como nas demais selecionadas, nem mesmo o personagem principal é nominado. A identificação dos personagens é feita ao se estabelecer relação entre o conteúdo sugerido pelo texto e as informações contextuais. Feito esse procedimento pode-se chegar a deduções coerentes com a representação que é oferecida pelo narrador, e, junto com ele, “presenciar” os eventos retirados do passado, isso quando o universo referenciado é também narrável no mundo objetivo.
Nesse caso, o início da narrativa pode se situar historicamente em um possível breve período de paz que transcorreu da conquista do Acre setentrional, onde Plácido de Castro foi conclamado governador, ao tempo de seu assassinato, quando o Acre já não estava mais sob seu domínio, e sim dos generais nomeados pelo governo federal . Em alusão a esse período, o narrador informa que:
Decorriam-se os dias, Alegre e satisfeito, nobilitando no empenho da terra que denodadamente libertara, hipotecando toda sua alma grandiosa cheia de invencível ardor pátrio, ele vivia. Por subitâneo e brusco golpe é atirado a mundos ignotos, longe, bem longe da terra estremecida, da família e daquela que escolhera ainda para partilhar a glória de seu nome (Jornal Correio do Acre, 1910).
Na crônica em questão, o narrador envereda-se por especulações de natureza filosófica ao acompanhar o percurso do seu personagem pelo mundo dos mortos para onde ele foi arremetido abruptamente, sem, contudo, desvincular-se do mundo objetivo, onde já não se sentia mais incluso:
Passaram-se tempos. O degredo prolongava-se. O espírito anuviado da perturbação constantemente tão violenta transição, aclarou-se pouco a pouco, e então ele sentiu–se estranho no meio daquele povo que libertara. Examinou-se, examinou a todos e sentiu-se novamente estranho! Notou que alguém guardava ainda lembrança a seu nome, e no meio de todos, alguns passaram perturbados procurando esconder as mãos! Contemplou-os! Chamou-os, chamou-os novamente, pareciam não lhe ouvirem, não lhe entenderam (Jornal Correio do Acre, 1910).

Continuação da análise crítica de Maria Alzenir.

O narrador, em sua posição de demiurgo, acompanha o percurso do personagem em seu degredo para o hades. Porém, a condição desse personagem é pior do que a de um titã derrotado na luta contra os deuses olímpicos. Pois, arrebatado da vida de forma traiçoeira, sequer, teve a oportunidade de lutar com seus assassinos. No trânsito para o mundo dos mortos, para onde parecia relutante em fazer a travessia, diz o narrador que ele: não podendo conceder aquele indiferentismo de seus irmãos, filhos da mesma terra que adotaram a cujo lado tantas vezes lutara impacientado, voltou-se para a própria terra, para a terra mãe e interpelou-a. - Ó Pátria adotiva, por que te calas tu assim? Por que consente neste misterioso enredo que me cerca? A terra, como que impulsionada por tão acerba evocação (...) E então para ele: — (...) Não sentes que foste banido do seio da terra que libertaste no enleio de horrível trama, o que toda a natureza desta majestosa terra que tu censura, revolta-se clamando vingança? (Jornal Correio do Acre, 1910).
A conformação do personagem à sua condição de degredado na morte se dá somente à medida que o narrador dá voz à terra que figura como pousada final do herói trágico. E ela, a terra, verbaliza o desejo dos acreanos, partidários de Plácido de Castro, de vingar a morte dele: Ele parece que meditava. Depois em pungentes as palavras refletidamente pronunciadas parecendo submeter– se a um exame próprio: - sim, agora se me vão clareando mais as coisas. Não podia crer, mas, irmãos já não mataram outros irmãos, levados pela traição. Judas, já não existiram tantos? Oh! É abominavel, é horrível a traição. E voltou-se num adeus eterno, evolando-se aos poucos num misto da luz e sombras para não mais voltar (Correio do Acre, 1910).
No jornal Correio do Acre de 1911, na crônica intitulada “Oh! Pior sem ele”, Justulo retoma a idealização de uma “aldeia aprazível [onde] reinava uma harmonia admirável, uma verdadeira união entre seus habitantes” é somada à mitificação do herói assassinato depois que, segundo o relato do cronista: “O gérmen da ambição incontida fora lançado em meio daquela aldeia, trazido por aventureiros que lá aportaram embalados na doce esperança da fortuna”. No entanto, o que antes parecia ser era apenas “uma doce esperança de fortuna”, desenvolveu-se e deu-se a conhecer a todos nos atos de discórdia que substituíram o estado pacífico anterior. Diz o narrador que os ambiciosos não encaravam meios para conseguirem os fins, e sucessivamente, tangidas por cabeças tão perversamente calculadas, foram avolumando-se, dando lugar a duelos, provações, intrigas, assassinatos, fatos vergonhosos que se desenrolaram em despenhadeiro, tornando-se enfim aquela bela e agradável aldeia de outrora o palco de cenas escandalosas, tudo se encaminhando para um desmoronamento moral inconcebível.
Ninguém mais se entendia nem se confiava; não havia mais a quem mandar, pois uma febre avassaladora de governar assolava. Os chefes, como as modas nas cidades adiantadas, sucediam-se numa produção espantosa e confundiam-se numa promiscuidade carnavalesca.
O fraco sucumbia ao forte (Jornal Correio do Acre, 1911).
O quadro que se instaurou, na aldeia do cronista, em muito se assemelha com o estado caótico do qual falam os estudiosos da história social do Acre. Essas fontes dão conta de que tão logo o Acre foi anexado ao Brasil começaram as discórdias. A primeira delas deu-se entre os componentes do exército de Plácido de Castro e os membros da força federal. Os primeiros foram humilhados, presos e tiveram suas provisões e armamentos saqueados pelos últimos.
Além de que, muitos integrantes do exército acreano acabaram por compactuar com a falácia de que o Acre não estava preparado para ser autônomo, e que se estivesse sob a guarda tutela da União deveria ficar sob a tutela do Estado do Amazonas ou do Pará, resultando em dissensões entre os combatentes, que passaram a se organizar não mais pela libertação do Acre do jugo boliviano e sim para defender interesses particulares, os quais tinham sempre motivações econômicas.

Continuação da análise crítica de Maria Alzenir.

No recém-fundado Território do Acre, todos os que ousassem questionar a organização política, administrativa e judiciária implantada pelo governo federal eram punidos com severidade, nem mesmo os coronéis escapavam às punições. Exemplo disso foram as prisões dos coronéis José Galdino de Assis Marinho (homem de confiança de Plácido de castro no Alto Acre, Manuel Leopoldino Pereira Leitão Cacela (fundador e redator do jornal Correio do Acre) e o major Antônio Lucatele Doria, que foram presos em 1906 sob a acusação de defenderem a idéia da anexação do Acre ao Estado do Amazonas (Costa, F, 2005, p.43).
Em meio ao contexto turbulento do Acre pós-revolucionário, em que até mesmo alguns dos companheiros de Plácido de Castro puseram-se contra ele, aderindo às forças federais em troca de nomeações, diz o cronista/narrador que: “Um deles, apenas, conservava-se, não se abatia; era como que o equilíbrio em meio de tão amarga fase; entretanto, tombou ao frio sopro da morte, por mão assassina”. Este “um”, mesmo não nominado pelo autor do texto, pode ser atribuído a Plácido de Castro, pessoa a quem até mesmo o Juiz de Direito da Comarca do Alto Acre, João Rodrigo Lago, dirigiu-se por meio de carta para pedir-lhe que empregasse o prestígio e a influência que dispunha junto à população para “fazer voltarem a paz e a tranqüilidade ao espírito público”, conforme documento transcrito por Cláudio de Araújo Lima na obra biográfica Plácido de Castro: um caudilho contra o imperialismo (1973).
Após o assassinato de Plácido de Castro, ao que sugere o cronista Justulo, o estado de caos intensificou-se quando os ex-companheiros de batalha, acusados de traição ficaram: confundidos, atrapalhados, numa verdadeira Babel, choravam, brotando lagrimas de remorso que rolavam queimando a face dos ambiciosos, dos traidores, dos assassinos, deixando-lhes os cérebros em fogo, até que eles caíram prostrados. Depois, viam numa espécie de delírio infrene, perpassarem diante dos olhos esfogueados com desvairado olhar, horríveis visões, e sucumbiu num pesadelo terrível a lamentarem numa inconsciência de louco:
— Oh! Pior sem Ele! (Jornal Correio do Acre, 1911).
A alusão ao texto bíblico de Gênesis, que trata do projeto ambicioso da construção de uma torre em Babel, capital da Babilônia, na planície de Sinear, onde havia a confluência de povos oriundos de diversas nações, tal qual ocorria no Acre explorado por migrantes. Os povos de Babel formaram uma nação próspera pela força do trabalho e por falarem a mesma língua, mas devido às pretensões dos que se colocam em posição de deuses, culminou na confusão das línguas e na dispersão dos habitantes do lugar que não conseguiam entender uns aos outros. A analogia ao episódio de Babel sugere que a ambição dos que queriam a ascensão e glória, acima daquele a quem era devido por ter libertado o Acre do jugo estrangeiro, foi causa da confusão que passou a reinar no Território após o assassinato de seu líder maior. Fonte: Álbum do Rio Acre (organizado por Emílio Falcão Menezes, vogal nomeado para o conselho municipal de Xapuri em 09-05-1913).