quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Conflitos de JUSTO no jornal do Acre.

Segundo informações de minha amiga Maria Alzenir, o Capitão Justo Gonçalves da Justa se desligou dos chamados “alencaristas” (partidários do Coronel Antônio Antunes de Alencar) e se integrou ao grupo dos militares da Guarda Nacional e dos maçons, representados na imprensa pelos tenentes-coronéis Antônio Bruno Barbosa e Francisco Conde de Oliveira, passando a partir de então a colaborar com jornal Correio do Acre que circulou em Xapuri de 1910 a 1912. Fato que lhe gerou críticas por meio do jornal Folha do Acre, sediado em Rio Branco. Esse raros periódicos podem ser encontrados na Fundação Biblioteca Nacional. As críticas de seus correligionários foram rebatidas através do Correio do Acre. Em 1911, alguém que assina somente como “Órion” publica uma carta em que defende Justo Gonçalves dos ataques feitos por anônimos por meio da Folha do Acre. Este periódico é citado no Correio do Acre como “folha dos precipitados” (05 de abril de 1911) e tinha em seu quadro de redatores os partidários do Coronel Antunes Alencar (proprietário do jornal Acreano), como Nelson Noronha e o médico Esperidião Queirós.
Eis a carta:
ORION . Em Pról. Correio do Acre. Xapuri- AC, 1911.
Escrevem-nos:
Quem são os senhores da «Folha»? Quem são os anônimos de Xapuri para enxovalharem, para atassalharem o nome de Justo Gonçalves da Justa, desse caráter rijo e impoluto, desse sincero amigo intransigente em suas idéias e reto no cumprimento de seus deveres? Quem fala de Justo?
Algum faminto de infâmias, algum seco de rabugices; desafetos gratuitos que lhe têm atirado toda sorte de calúnias que o cérebo de alma tacanha e baixa possa gerar; bêbedos contumazes desta terra, que não são poucos, e grande número é encontrado na sua mesclada sociedade, onde os baios se entrometem a baterem palmas ao seu Alencar.
É esta corte de cevandijas que lhe atribui defeitos que a infeta; são, porém, cínicos que procuram confundir-se com os homens de bem.
Quanta vez, em comum, ele e os senhores amigos de outrora, viam correr o vinho das festas onde juntos bebiam, libando as taças pela saúde, pela felicidade uns dos outros? Quanta vez, cheios de alegria, com as cabeças incendidas pelo vapor dos licores, em brindes pomposos de elogios, seu nome, ao lado dos “judas” de hoje, foi elevado, foi enaltecido? Quanta vez, nesses banquetes, da melhor boa fé entregava-se a capiciosa e infame vontade desses vis amigos, julgando ser levado por dignos e honrados homens?
Tantas! Enganou-se, porém, e enganou-se em tempo; reconheceu o caminho errado que trilhava, porque o judas mesmo o disseram, os judas mesmo o apontaram num requinte perverso e cínico; e isto porque o criterioso moço, o sr. Justa, nunca deixou-se arrastar na prática de um ato indigno e vergonhoso, nem pela infâmia que reveste o peito desses traidores, dessas impudicas criaturas.
E são tais Alencaristas - Espiridiões e Nelsons, Eusébios e outros iguais que não exige o caso menção, que se atravem a falar de Justo!
Vós todos que sois incensadores do pacífico, do conhecimento deus dos peregrinos, que não sois senão uns tranfugas embalarem-se na doce esperança de um Estado futuro, homens cobertos de defeitos, quase todos de passado tão sujo quanto ainda vai sendo o seu presente, podeis falar, podeis manchar a reputação de um Justa, cujo único pecado, é não comungar com vossas infâmias?
Não, e as vossas imputações caluniosas, produzirão para ele o efeito de um cão que ladra preso à enferrujada corrente de um mesquinho dono. Fazendo votos que o remorso seja o respasto de tais consciências, fico em guarda.

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