quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Escritos de JUSTO – Texto 2.

Texto 2 - JUSTULO. Oh! Pior sem ele! Correio do Acre. Xapuri – AC, 1911.
Uma aldeia aprazível esta em que vivi. Reinava uma harmonia admirável, uma verdadeira união entre seus habitantes, e no meio da alegria que se destacava do seio daquele povo liberto, uma exuberância de vida e de progresso notava-se pululantes. Feliz que era aquela gente; a ambição, ela não conhecia, pois todos se consideravam irmãos e iguais entre si.
Os tempos foram-se; uma mutação horrível, com o desdobrar das épocas, manifestou: — O gérmen da ambição incontida fora lançado em meio daquela aldeia, trazido por aventureiros que lá aportaram embalados na doce esperança da fortuna.
Não difícil foi aos ambiciosos conhecerem o meio que aportaram, e então tomaram como lema unirem-se a alguns para com o prejuízo de outros usufruíram os proventos desejados.
Começaram então as discórdias, pois não encaravam meios para conseguirem os fins, e sucessivamente, tangidos por cabeças tão perversamente calculadas, foram avolumando-se, dando lugar a duelos, promoções, intrigas, assassinatos, fatos vergonhosos que se desenrolaram em despenhadeiro, tornando-se enfim aquela bela e agradável aldeia de outrora o palco de cenas escandalosas, tudo se encaminhando para um desmoronamento moral inconcebível.
Ninguém mais se entendia nem se confiava; não havia mais a quem mandar, pois uma febre avassaladora de governar assolava. Os chefes, como as modas nas cidades adiantadas, sucediam-se numa produção espantosa e confundiam-se numa promiscuidade carnavalesca.
O fraco sucumbia ao forte.
Um deles, apenas, conservava-se, não abatia; era como que o equilíbrio em meio de tão amarga fase; entretanto tombou ao frio sopro da morte, por mão assassina.
Depois confundidos, atrapalhados, numa verdadeira Babel, choravam, brotando lagrimas de remorso que rolavam queimando a face dos ambiciosos, dos traidores, dos assassinos, deixando-lhes os cérebros em fogo, até que eles caiam prostrados. Depois, viam numa espécie de delírio infrene, perpassarem diante dos olhos esfogueia dos com desvairado olhar, horríveis visões, e sucumbia num pesadelo terrível a lamentarem n’uma inconsciência de louco:
— Oh! Pior sem Ele!

Nenhum comentário: